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DEPOIMENTO
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Oposição derrota governistas e elege presidente da CPI mista do INSS A derrota que o governo Lula sofreu da oposição logo na abertura da CPMI do INSS surpreendeu totalmente ministros do Palácio do Planalto e expôs falhas na articulação política do governo, admitidas de forma unânime no entorno do presidente. Na avaliação de auxiliares de Lula e de líderes da base no Congresso, o governo subestimou a oposição, não deu atenção devida ao tema e confiou demais num suposto acordo fechado pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com os partidos de centro sobre quem ocuparia a presidência e a relatoria da CPMI.
Normalmente, a escolha dos chefes do Legislativo prevalece nesses casos. Em entrevista à Globonews e ao g1, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, admitiu as falhas.
“Apesar do resultado que a oposição conseguiu hoje, por erros na mobilização de nossa base, vamos continuar trabalhando, corrigindo os erros, para que a CPMI não seja instrumentalizada para atender a interesses políticos.
É importante garantir que os trabalhos não interfiram nas investigações em curso e nem no processo de ressarcimento dos aposentados, o que esse governo já está fazendo.” A jornalistas, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), tentou puxar a responsabilidade do erro exclusivamente para si. De forma reservada, um aliado próximo a Lula classificou o episódio como um “cochilo geral” da articulação no governo.
Citou, ainda, o que chamou de “rasteira” do União Brasil, que teria se comprometido a indicar um deputado moderado para compor a CPMI, mas acabou escolhendo Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), de perfil bolsonarista.
O presidente do União, Antonio Rueda, participou ativamente das articulações com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), pela derrota de Aziz.
Rueda e o líder do União na Câmara, Pedro Lucas (MA), inclusive, procuraram Gaspar na manhã desta quarta para comunicá-lo que ele seria escolhido relator. Gaspar foi indicado para ser o relator dos trabalhos, no lugar Ricardo Ayres (Republicanos-TO), nome que tinha o apoio de Hugo Motta.
Ayres tem perfil considerado mais ao centro e sequer havia assinado o requerimento para instalação da CPMI. O acordo costurado por Alcolumbre com os partidos e com o governo previa o senador Omar Aziz (PSD-AM), de perfil governista, na presidência.
O eleito, no entanto, foi Carlos Viana (Podemos-MG), da oposição, que venceu a disputa com 17 votos contra 14.
Além das falhas na articulação, a ausência na sessão de parlamentares indicados por partidos da base, como MDB e PDT, tornou a composição da CPMI desfavorável para o governo.
Uma brecha no regimento permitiu que três suplentes do PL ocupassem as vagas. Um dos ausentes foi o deputado Rafael Brito (MDB-AL), que está em missão oficial fora do país.
O governo só se deu conta disso quando a votação já estava ocorrendo.
Interlocutores do Planalto tentaram recorrer ao líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), para que ele fosse substituído, mas não dava mais tempo.
Na terça, Isnaldo comunicou o governo de que o indicado do partido seria Brito, mas o Planalto não o procurou para verificar a sua presença. Diante do cenário adverso, o governo se apega ao fato de que ainda possui maioria, ainda que apertada, entre os componentes da CPMI.
A oposição, no entanto, com o controle da presidência e da relatoria, terá mais poder para convocar ministros e representantes de entidades aliadas do governo, como a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura).
O maior receio, no entanto, está numa possível convocação de Frei Chico, irmão de Lula, que integra a direção do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas).
Frei Chico não é investigado, nem citado nos documentos da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União), mas a presença dele na comissão provocaria desgaste no governo.