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DEPOIMENTO
DEPOIMENTO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu que o governo irá enviar ao Congresso dois projetos de lei que tratam das big techs de uma vez só.
Uma proposta, elaborada pelo Ministério da Justiça e pela Secretária de Comunicação Social (Secom), cria regras para regulação de conteúdo.
A outra, redigida no Ministério da Fazenda, trata da regulação econômica, com medidas para coibir práticas de concorrência desleal pelas plataformas. O desejo de Lula era encaminhar os textos ainda essa semana, mas a tendência é que fique para a próxima por dificuldades na agenda do presidente.
Além disso, Lula quer costurar o envio das medidas com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Um dos projetos cria regras para regulação de conteúdo e o outro tem medidas de regulação econômica. BBC/Getty Images O presidente também definiu que o governo só deve enviar as propostas depois que a Câmara dos Deputados concluir a votação do projeto da “adultização”, de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-ES), que cria medidas para proteger crianças e adolescentes de crimes virtuais.
A expectativa é que a matéria seja votada ainda essa semana. O projeto que regula o conteúdo foca as plataformas digitais que possuem mais de três milhões de usuários.
As menores vão ser obrigadas a criar canais de comunicação com o público, mas estarão sujeitas a regras menos rígidas e de alcance mais limitado. Já o texto que trata da regulação econômica é direcionado às cinco maiores big techs: Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta e Microsoft.
As empresas já foram alvo de legislações para coibir práticas anticoncorrenciais em países da União Europeia. Há um consenso no governo de que os serviços digitais estão praticamente livres de responsabilidades e precisam de regras mais claras de funcionamento, a exemplo do que ocorre em outros serviços para os consumidores. Veja as propostas para regulação de conteúdo Foco na segurança do usuário A proposta que regula o conteúdo prioriza a segurança e a proteção do usuário nos serviços digitais de intermediação.
O foco está em coibir, por exemplo, fraudes, golpes, incentivo à violência, crimes contra menores e práticas que violem o Código de Defesa do Consumidor.
Os trechos que tratam da proteção de crianças e adolescentes têm dispositivos que coincidem ou são semelhantes com os que estão no texto do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), mas o governo decidiu mantê-los mesmo assim e deixar para o Congresso a tarefa de ajustar os pontos.
A ideia é que as propostas se complementem. 📱Siga o Blog da Sadi no WhatsApp Pelo projeto do governo, as plataformas digitais passam a ter o mesmo status de outras companhias prestadoras de serviço, como empresas de telefonia, por exemplo.
O órgão regulador será a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, que já existe e será rebatizada como Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD). As plataformas vão ter que criar canais para serem notificadas por qualquer usuário ou autoridade - Ministério Público, por exemplo - sobre conteúdos criminosos que estão sendo veiculados.
Dever de prevenção e bloqueio das plataformas Os serviços vão ter que adotar o chamado “dever de prevenção e precaução”, pelo qual as próprias plataformas são obrigadas a criar regras para impedir a veiculação de conteúdo ilegal.
Outra obrigação é a de apresentar relatórios periódicos sobre as medidas que estão sendo tomadas para coibir publicações ilícitas. O texto prevê, como medida de último caso, o bloqueio das plataformas que ignorarem de forma recorrente as notificações e que não adotarem o dever de prevenção.
Neste caso, a suspensão das plataformas pode ser feita diretamente pela ANPD, sem necessidade de decisão judicial, por um período de 30 dias, prorrogável por mais 30 dias.
Para uma suspensão maior do que isso, será necessária decisão da Justiça. A proposta, no entanto, estabelece uma gradação: as plataformas que não estiverem cumprindo as regras serão, num primeiro momento, advertidas.
Depois, multadas.
Se ainda assim não atuarem para remover os conteúdos criminosos, aí estarão sujeitas ao bloqueio.
A ANPD não irá atuar fiscalizando postagem por postagem, conteúdo por conteúdo, “no varejo”.
A agência fará o trabalho no “atacado”, analisando a atuação das plataformas como um todo.
A remoção sem decisão judicial é alvo de críticas das big techs e da oposição bolsonarista, que alegam haver censura de conteúdo.
O governo argumenta que a regulação proposta para as plataformas é mais protetiva para as empresas de tecnologia do que a que existe hoje para outros serviços regulados ou mesmo se comparada à legislação da União Europeia, que prevê bloqueio das plataformas, pela via administrativa, por tempo indeterminado. Governo não inclui crimes contra a honra e desinformação Não há no texto menções à necessidade das plataformas ou dos órgãos de controle combaterem a desinformação ou as fake news.
O governo também não inclui no rol de conteúdos sujeitos à remoção pelas plataformas sem decisão judicial os crimes contra honra, como calúnia, injúria ou difamação. O entendimento é que, nesses casos, há uma zona cinzenta e que cabe exclusivamente à Justiça determinar ou não a remoção dos conteúdos.
Nada impede, no entanto, que os usuários ou as autoridades notifiquem as plataformas sobre estes conteúdos. O texto está alinhado com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o tema.
Em junho, ao julgar a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet, a Corte também definiu que as plataformas não são obrigadas a remover, sem decisão judicial, conteúdos desse tipo. Proteção a influenciadores A proposta ainda tem uma espécie de cláusula de proteção aos influenciadores.
Nos casos de conteúdo impulsionado ou monetizado, as plataformas serão obrigadas a informar quais são os critérios e as regras de remuneração.
Os serviços também terão de explicar, de forma clara, os motivos pelos quais alguém é suspenso, bloqueado ou desligado das plataformas.
Segundo fontes do governo, as plataformas, de modo recorrente, têm penalizado influenciadores de todo espectro ideológico sem dar explicações sobre as medidas tomadas. Gigantes do Vale do Silício na mira Já o projeto de regulação econômica visa coibir, na visão do governo, práticas que incidem em concorrência desleal das “big five”, ou seja, das cinco gigantes do Vale do Silício: Google, Amazon, Apple, Meta e Microsoft.
A proposta não terá como alvo empresas de tecnologia menores. São mencionadas, como práticas anticoncorrenciais, a falta de transparência nos buscadores, cobrança de taxas abusivas pelas lojas de aplicativos às empresas de tecnologia menores, venda casada de serviços, direcionamento nos meios de pagamento, entre outras ações. Para justificar a regulação do setor, o governo argumenta que tais práticas minam a competitividade, sufocam empresas menores e acabam encarecendo os serviços ao consumidor final.
Nos últimos dois anos e meio, uma equipe do Ministério da Fazenda dedicou-se a pesquisar as legislações em vigor pelo mundo e a dialogar com autoridades e com as próprias empresas de tecnologia. A avaliação é que a legislação brasileira atual não oferece instrumentos adequados para o Cade (Conselho Administrativa de Defesa Econômica) agir no combate às práticas anticoncorrenciais no setor.
O projeto prevê a criação de uma Superintendência de Mercados Digitais no Cade, cuja tarefa será instruir os processos e definir um “cardápio de medidas” para serem aplicadas para cada bigtech, de forma customizada. G1 Explica: a crise nas big techs