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Cobra d’água predando acará é vista em lago próximo à Rio-Santos, em Bertioga
Fernando Guiguet
O fotógrafo de natureza Fernando Guiguet capturou uma cena curiosa: uma cobra d’água, identificada como Erythrolamprus miliaris, abocanhando um acará (Geophagus brasiliensis) em um dos lagos à margem da rodovia Rio-Santos, na altura do Parque Caiubura, em Bertioga (SP).
(CORREÇÃO: o peixe registrado na foto não é uma tilápia, mas sim um acará (Geophagus brasiliensis), espécie da mesma família (Cichlidae).
O texto foi atualizado às 14h desta terça-feira, 19 de agosto). “Fiquei bem surpreso pelo tamanho da boca da cobra e pelo peixe que ela estava tentando engolir.
Estava com o peixe entalado e pude fotografar com calma antes que ela terminasse de comer”, conta Fernando, que é juiz de direito em Osasco, mas dedica boa parte do tempo livre à fotografia da fauna brasileira.
“Comecei a fotografar em 2010, parei por alguns anos e retomei com força há cerca de um ano.
Meu foco é chamar a atenção para a preservação por meio das imagens”. O flagrante ganhou ainda mais relevância com o olhar do herpetólogo Willianilson Pessoa, que explica as características da cobra registrada e o comportamento alimentar dessas serpentes aquáticas brasileiras. A Erythrolamprus miliaris é uma serpente conhecida como cobra d’água, identificada pela variação na coloração, que pode ir do amarelo ao verde Charles Boufleur/iNaturalist “A Erythrolamprus miliaris é uma serpente conhecida como cobra d’água, identificada por padrões específicos nas escamas da cabeça e pela variação na coloração, que pode ir do amarelo ao verde e outros tons.
Ela é considerada dócil, raramente ataca ou morde e prefere fugir ou se esconder ao sentir a aproximação humana”, explica Willianilson. “Quando está na água, ela submerge e nada para longe.
Quando está na terra, fica imóvel ou se afasta.
Apesar disso, sempre recomendamos não manusear serpentes na natureza”, completa o pesquisador. Alimentação versátil e adaptada Sobre a dieta, o especialista esclarece que essas cobras se alimentam principalmente de peixes, anfíbios (como sapos e rãs) e até lagartos.
Cobras d´água se alimentam de peixes, anfíbios (como sapos e rãs) e até lagartos Fernando Guiguet Sobre o modo de caça da Erythrolamprus miliaris, o herpetólogo explica que elas geralmente ficam à espreita perto da água, detectam o cheiro das presas com a língua e fazem o bote rápido para capturar peixes ou anfíbios. “Se o peixe é pequeno, elas caçam dentro da água; para presas maiores, como esse acará, abocanham na água e levam para fora para terminar de comer”. Cobras d’água pelo Brasil Desmistificando a ideia de que cobras d’água vivem exclusivamente em ambientes aquáticos, Willianilson destaca que essas espécies estão presentes em todos os biomas brasileiros, incluindo regiões com pouca água, como a Caatinga. “Chamamos de cobras aquáticas aquelas que passam parte significativa da vida na água para caçar ou regular a temperatura corporal.
Mas elas também vivem em terra, se adaptando às condições locais, mudando a dieta para lagartos e outros animais terrestres quando a água é escassa”, afirma.
“Elas nadam muito bem e têm comportamentos flexíveis, o que permite essa sobrevivência em diferentes ambientes”.
Riscos e curiosidades das serpentes aquáticas brasileiras Willianilson também comenta que, apesar da maioria das cobras d’água ser inofensiva, há exceções, como a sucuri – uma grande serpente que pode oferecer risco por seu porte – e a coral verdadeira da Amazônia (Micrurus surinamensis), uma serpente peçonhenta que vive na água e em terra. A coral verdadeira da Amazônia (Micrurus surinamensis) é uma serpente peçonhenta que vive na água e em terra evancoueron/iNaturalist “A coral verdadeira é extremamente venenosa e pode morder se pisada, especialmente em poças e igarapés com folhas que a camuflam.
Por isso, quem frequenta matas e rios deve usar proteção adequada”, conclui.
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